A poucos dias de retornar à Casa Branca, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou em uma entrevista coletiva que deseja tomar o Canal do Panamá e a Groenlândia. O republicano também declarou que pretende mudar o nome do Golfo do México e sugeriu a incorporação do Canadá aos EUA.
As declarações foram feitas em um resort de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, na terça-feira (7). Durante a coletiva, Trump afirmou que pretende usar a força econômica para atingir seus objetivos, como a aplicação de sanções ou o aumento de tarifas.
Atualmente, as áreas que Trump deseja impor controle americano são administradas da seguinte forma:
No caso do Canal do Panamá e da Groenlândia, Trump afirmou que não descarta o uso de força militar para controlar as duas regiões. O presidente eleito justificou que ambas são importantes para a economia e a segurança dos Estados Unidos.
Já sobre o Canadá, Trump disse que os Estados Unidos gastam muito para proteger o país vizinho. Ele defendeu que uma espécie de fusão seria mais simples e ameaçou aplicar tarifas sobre produtos canadenses.
Em relação ao Golfo do México, o republicano declarou que vai mudar o nome da região para "Golfo da América". Ele não deixou claro qual seria o objetivo da medida, mas afirmou que os Estados Unidos fazem a "maior parte" do trabalho na região e, portanto, a área deveria pertencer ao país.
Após a coletiva, a Associated Press afirmou que Trump tem passado mais tempo se preocupando com uma "agenda imperialista" do que com os problemas internos dos Estados Unidos desde que foi eleito. Já a Reuters afirmou que o ideal "America First" (América em Primeiro), defendido pelo presidente, é expansionista.
Veja a seguir o que guarda cada uma das regiões em que Trump está interessado.
Quase 6% do comércio mundial trafegam pelo canal do Panamá — Foto: AFP
O Canal do Panamá foi inaugurado em agosto de 1914 e foi considerado a maior obra de engenharia da época. A construção possibilitou a passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico através das Américas, reduzindo o tempo de viagem de navios cargueiros.
Os Estados Unidos tiveram um papel crucial na realização da obra. Na época, o Panamá ainda era uma província da Colômbia, e o governo norte-americano não conseguia chegar a um acordo satisfatório com as autoridades colombianas.
Diante disso, os americanos decidiram apoiar a independência do Panamá e ancoraram navios nas duas costas da região. Três anos depois, já como um Estado autônomo, o Panamá firmou um acordo com os EUA para a construção do canal.
O acordo previa um pagamento de US$ 10 milhões, além de US$ 250 mil anuais, para que os Estados Unidos controlassem o canal. No entanto, na segunda metade do século 20, o Panamá passou a pressionar o governo americano pela nacionalização da estrutura.
Os Estados Unidos controlaram o Canal do Panamá até o final de 1999, quando ele foi entregue ao governo panamenho. Ao longo de mais de 80 anos, a via impulsionou a economia norte-americana e contribuiu para o desenvolvimento do noroeste dos EUA.
Foi graças ao Canal do Panamá, por exemplo, que o empresário William Boeing conseguiu aumentar seus lucros e fundar uma pequena empresa aérea. Na década de 1940, a Boeing já havia se transformado em uma grande companhia, com forte impacto na economia local.
Recentemente, com as mudanças climáticas, os lagos que ajudam a controlar os níveis das águas estão sofrendo com mais secas do que antigamente. Isso obrigou o governo do Panamá a limitar o trânsito de navios para equilibrar as necessidades de abastecimento de água da população.
Trump acusou o Panamá de cobrar taxas excessivas para o uso do canal e afirmou que existe o risco de influência chinesa na região. Dois portos próximos à entrada do canal são administrados por uma empresa de Hong Kong.
"Se os princípios, tanto morais quanto legais, deste gesto magnânimo de doação não forem seguidos, então exigiremos que o Canal do Panamá seja devolvido a nós, integralmente, rapidamente e sem questionamentos", afirmou o presidente eleito.
Trump também declarou que o Canal do Panamá é vital para os Estados Unidos.
O governo do Panamá afirmou que as taxas cobradas para o uso do canal são calculadas e avaliadas com transparência, ajudando a manter a estrutura. O presidente panamenho, José Raúl Mulino, disse ainda que o canal não está sob o controle ou influência de nenhum outro país.
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