A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pediu à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados uma acareação com o hacker Walter Delgatti Neto, no âmbito do processo de cassação de seu mandato. No entanto, segundo seu advogado, Fábio Pagnozzi, a parlamentar só participará se o procedimento for realizado por videoconferência, uma vez que evita retornar ao Brasil por temer ser presa.
Zambelli é alvo de um mandado de prisão expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e está foragida na Itália. O advogado afirmou que o uso de tecnologia é cada vez mais comum na Justiça brasileira, inclusive com réus presos sendo ouvidos remotamente, e que Zambelli tem o direito de ser ouvida sem precisar se apresentar fisicamente.
A deputada foi condenada por contratar Delgatti para executar um plano que envolvia a falsificação de dados no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com o objetivo de inserir falsamente o nome do ministro Alexandre de Moraes na lista de pessoas com mandado de prisão. A ação foi interpretada como tentativa de ataque institucional contra o Supremo.
Com a iminência da prisão, Zambelli deixou o país e, desde então, permanece na Europa. Questionado sobre a possibilidade de retorno da parlamentar ao Brasil, o advogado evitou respostas diretas e afirmou apenas que “será um processo longo, sem data para acabar”.
Apesar de o STF ter ordenado a perda de mandato da parlamentar, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), optou por não cumprir imediatamente a decisão e abriu processo de cassação interno, atualmente em tramitação na CCJ.
Na última quarta-feira (2), a defesa de Zambelli apresentou pedido formal de acareação com Delgatti e também requereu acesso aos equipamentos apreendidos na casa do hacker, incluindo celular e computador. Segundo Pagnozzi, o objetivo é desacreditar o delator e questionar a validade das provas utilizadas no processo.
“As únicas provas contra a deputada são: os equipamentos apreendidos com Delgatti, o depoimento dele e um print com o pedido de prisão do ministro Moraes encontrado no celular de Zambelli — uma mensagem que foi encaminhada a várias pessoas da direita”, alegou o advogado.
A solicitação da acareação será analisada pela CCJ, que também deve decidir se acata a videoconferência como meio válido para a oitiva da deputada.
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